A «Chama da Memória» chega hoje a Faro para divulgar e recordar a Grande Fome da Ucrânia de 1932-1933, também conhecida por «Holodomor», período em que se estima terem morrido cerca de sete milhões de ucranianos devido a «uma fome artificialmente provocada pelo regime estalinista». A comunidade ucraniana no Algarve vai juntar-se na Praça da Capela de Santo António do Alto, na capital algarvia, para uma cerimónia cívico-religiosa, às 19 horas.
Uma iniciativa que deverá contar com a presença do Embaixador da Ucrânia em Portugal, bem como com personalidades locais. O professor universitário António Rosa Mendes vai fazer uma abordagem histórica ao «Holodomor».
A comunidade ucraniana portuguesa junta-se às de outros 32 países para lembrar, 75 anos depois, o que classificam como «um dos maiores genocídios do século XX».
Segundo a presidente da Associação dos Ucranianos no Algarve Natália Dmytruk, este é um acontecimento que foi abafado durante anos pelos sucessivos dirigentes da ex-União Soviética e que só agora, com a chegada da democracia à Ucrânia, começa a ser divulgado.
Um dos grandes objectivos desta iniciativa é, de resto, tentar «que este genocídio seja internacionalmente reconhecido» como tal.
Para isso, além de cerimónias evocativas deste período, as comunidades ucranianas de 33 países de todo o mundo estão a promover exposições e sessões onde divulgam fotos e filmes sobre a Grande Fome e explicam o que aconteceu.
«Há muito pouca informação sobre o assunto e muita gente não sabe que aconteceu. Eu não estudei isto na escola», disse.
«O novo presidente, eleito democraticamente, está a levantar este tema e a levá-lo para o exterior do país», disse. Até agora, pouco se falava sobre o assunto. «Desde que eu nasci, esta é a primeira vez que o tema é evocado a nível internacional», assegurou.
Segundo Natália Dmytruk, Estaline provocou uma fome na Ucrânia, com o objectivo de «castigar os camponeses devido à sua resistência à política de colectivização agrícola e pelo apego que manifestavam pela cultura e tradições nacionais».
Os ucranianos que vivem em Portugal vão receber a chama dos seus compatriotas radicados em Espanha. De Faro, a «Chama da Memória» vai partir para o Porto, daí para Fátima e terminará o seu périplo, em terras lusas, em Lisboa. No domingo, será entregue a ucranianos que vivem em Itália.
A iniciativa «Chama da Memória» é organizada pela Comissão Internacional do Holodomor e está integrada no Congresso Mundial Ucraniano.
28 de Agosto de 2008 | 07:34 hugo rodrigues barlavento - Jornal de Informação Regional do Algarve |