Comunidade ucraniana algarvia homenageou emocionada vítimas de genocídio










Enviado por: Diocese em Sexta, 29 de Agosto de 2008 - 17:52:56 (GMT) | 30 leituras

Foto: Samuel MendonçaA comunidade ucraniana imigrante presente no Algarve homenageou ontem ao final da tarde, de forma emocionada, as vítimas da Grande Fome da Ucrânia que ocorreu entre os anos de 1932 e 1933, que consideram ter sido um genocídio perpetrado também conhecido como “Holodomor”.

Em Faro, junto à igreja de Santo António do Alto, lembraram, numa cerimónia que contou com a presença do Embaixador da Ucrânia em Portugal, Rostyslav Tronenko, o acto cometido pelo regime de Estaline que estimam ter atentado contra a vida de cerca de cerca de 7 milhões de ucranianos, entre os quais 3 milhões de crianças.

“Milhões de ucranianos morreram em consequência de uma fome artificialmente provocada pelo regime estalinista, tendo como principal objectivo «castigar» os camponeses – a base social da nação ucraniana – devido à sua resistência à política de colectivização agrícola e ao apego que manifestavam pela cultura e tradições nacionais”, denuncia a Associação dos Ucranianos do Algarve.

Segundo a mesma fonte, o regime soviético comunista da altura, “numa evidente demonstração dos seus intentos criminosos”, tomou medidas como a “confiscação das colheitas e das reservas alimentares dos camponeses, recorrendo a todo o tipo de violências e abusos”, deportou populações e deteve as pessoas em campos de concentração e fuzilamento. Para além disto procedeu ao “encerramento das fronteiras da Ucrânia, impedindo os camponeses de procurar alimentos na Rússia e outras regiões”, impediu a livre circulação dos cidadãos e perseguiu a elite cultural e política (como escritores, sacerdotes, políticos, artistas e pensadores) sob a acusação de nacionalismo”, adianta a mesma associação.

A sua presidente, Nataliya Dmytruk, que lamentou que o acontecimento tenha sido abafado durante anos pelos sucessivos dirigentes da ex-União Soviética, explicou que o objectivo da homenagem é “não deixar esquecer e dar a conhecer a todos os povos do mundo esta tragédia humanitária, para que se possa reflectir sobre o acontecimento”. “Se um país não reconhece o seu passado não terá futuro”, afirmou-se na cerimónia em que foi lida uma proposta de moção a apresentar a Assembleia Municipal de Faro para condenação da tragédia.

Também o Embaixador da Ucrânia em Portugal frisou que a iniciativa “não é contra ninguém, mas apenas para lembrar e homenagear. Para que estes horrores não se repitam no futuro”.

O Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, igualmente presente, manifestou “a solidariedade de toda a Igreja do Algarve” em relação aquela celebração e formulou votos de paz para que não voltem a acontecer em todo mundo idênticos atentados contra a humanidade.

A cerimónia contou ainda com a chegada a Portugal da “Chama da Memória”, vinda de Espanha, um símbolo associado ao esforço de dar a conhecer a tragédia promovido pela Comissão Internacional do Holodomor, integrada no Congresso Mundial Ucraniano. Depois de ter saído da Austrália no passado dia 1 de Abril, a tocha irá percorrer 33 países prevendo-se a sua chegada à Ucrânia em Novembro próximo, onde será recebida pelo Presidente, Victor Yushchenko.

Hoje, dia 29 de Agosto, a “Chama da Memória” está no Porto, marcando passagem amanhã por Fátima e no dia 31 em Lisboa, seguindo depois para Itália.

A cerimónia em Faro, que contou ainda com uma pequena exposição sobre o acontecimento, encerrou com uma celebração religiosa presidida pelos padres Nicolai Kutsiuk, da Igreja Ortodoxa, e Oleg Trushko, da Igreja Greco-católica.

Fonte: Folha do Domingo